terça-feira, 30 de janeiro de 2018

DAS ESCRAVIDÕES COTIDIANAS

Na busca pelo pão
A luta pelo dinheiro
Trabalhar o dia inteiro
E não ter o que comer
Na luta pela sobrevivência
Seguindo a tenência 
De apenas sobreviver

Nós lutamos
Morremos
Sem à vida viver

O que nos a prisona?

O dinheiro
O trabalho
O medo
A rotina
A beleza

De quem ou de que você é escravo?


Pedro Henrique Torquato



                Chega a terça-feira me levanto às três horas da manhã para ir trabalhar, como faço todas as semanas. É cansativo, mas  não desisto, mesmo no sol quente me fortaleço a cada dia. Trabalho, não posso dizer que não cansa, porque cansa muito. Trabalho da madrugada até o meio dia porque vou a escola e se sair cedo volto para a feira. Pior é quando não tem aula porque temos que trabalhar o dia todo sem descanso.
                Assim que eu chego vou comer alguma coisa e vou mais os meninos descarregar o caminhão com as caixas de verduras. São um pouco pesadas, mas eu gosto de carregar. Depois disso vamos empacotar as verduras e, por ultimo, é só esperar os fregueses que chegam junto ao amanhecer. Daí vamos vendendo, vendendo, vendendo, até chegar a hora do almoço. Nós vamos comprar a comida, almoçamos e voltamos de novo para a banca.
                Temos que animar os clientes para que eles venham comprar... ganho meu dinheiro, é pouco, mas dá para ajudar, e muito, a mim e a minha família e isso me deixa feliz. Não me importo com o cansaço se estou ajudando.
                Trabalhar na feira é uma experiência de vida. Embora muita gente não acredite, às vezes é bem legal. Estamos sempre sorridentes, não ficamos tristes por nada... e passa o tempo da gente, pois é a vida.
                Tem muita gente que ri e tira onda. Eu digo isso porque já passei por essa situação. Meus colegas me viram na feira, passaram por mim e fingiram que não me conheciam, viraram a cara, mas eu nem ligo para isso.
                Tem outras coisas também mas só saberão quando passarem por esse tipo de trabalho...
                Sou cheia de sonhos, tenho fé que vão se realizar, quero me formar e dar uma vida melhor a minha família e principalmente a minha mãe, que foi quem me deu a vida e sofreu para me ter.
                Não deixarei de ir para a feira, para lembrar da minha infância... meus irmãos também trabalham lá, e assim como eu não reclamam... vai ser difícil ter que um dia dizer adeus... para quem começou a trabalhar cedo, desde os sete anos.
                Aprendi a superar meus medos e a ser um pouco indiferente, vejo as coisas com mais clareza. Temos escolhas a fazer.
                Eu tenho que agradecer às pessoas que me chamaram para trabalhar, são uns anjos, pois estávamos passando por necessidades, minha mãe queria fazer de tudo para nos dar as coisas mas não tinha dinheiro para comprar... mas agora melhorou um pouco.
                É assim toda terça-feira, enfrentando o sol e o frio, mas não desisto.
                Sou brasileira, sou pernambucana, sou Venturosa... não sinto vergonha.
Feliz, todo mundo precisa trabalhar e ser alegre
A. P. M. 14 anos
Obs. Faltou a maioria das minhas aulas... estava trabalhando...

DAS SECAS EM NÓS

Os rios cheios
A ingazeira transborda
E as ruas sangram

É a vida que se vai e escorre
Lentamente em vários cantos da cidade
Pelos canos quebrados
Nas vidas não vividas em fábricas e mercados
No  copo do viciado mais tarde em uma sarjeta largado
Na casa que falta o pão
No jovem morto estendido no cão

A chuva vem 
Os rios enchem
A barragem transborda
Mas a cidade sangra

A chuva vem, mas a seca está em nós.

Pedro Henrique Torquato


AS TORRES DE MINHA CIDADE

A Eiffel é mais bela que as torres erguidas em minha cidade,
Mas a Eiffel não é mais bela que as torres erguidas em minha cidade
Porque a Eiffel não é nenhuma das torres erguidas em minha cidade.

A Eiffel tem uma grande estrutura
E luzes que a iluminam ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória da iluminação e grandiosidade.
A Eiffel fica em Paris na França
E é a torre mais alta de seu país
Toda gente sabe disso
Mas poucos sabem quais são as torres de minha cidade
E aonde elas ficam.
E por isso porque pertencem a menos gente,
São mais livres e maiores as torres de minha cidade.

Através da Eiffel Paris ficou conhecida no mundo
De cima da Eiffel da para ver Paris
E o encanto de suas luzes.
Ninguém nunca pensou em como é a vista do alto
Da torre da minha cidade

A torre da minha cidade não faz pensar em nada

Quem está ao pé dela está só ao pé dela. 

Pedro Henrique Torquato

Venturosa-Pe